Hoje acordei com uma palpitação de dia com 52horas.Andei a passear pela casa como se andasse numa enorme avenida da Baixa , coberta pela avalanche de livros que às vezes não tenho . Parece que na dualidade de certas escolhas para ler, de repente olho e tenho estantes vazias . Não tenho 10.000 livros em casa como o meu amigo António.Talvez me emburreçam uns 500 , mas acho sempre que nunca posso ler os vitais.Os vitais são os dele.Tenho sempre medo de lhes pegar , de virar páginas , de consumi-los com a cabeça até que sinta um sorriso ou uma chapada sua a viajar-me pelos maxilares , enquanto me queixo para dentro, sem secura nos olhos . Adoro partilhar muita coisa , mas admito que me custa de morte emprestar o António e só a uma amizade de peito , depois de suspirar profundamente é que digo que sim porque sei que a colecção dele não é fácil de desembolsar . A uma amizade de joelhos digo sempre que não , porque ele é tão simples que não gostaria que ninguém se ajoelhasse por ele .
Limpei os seus livrinhos todos ( a obsessão pela única estante que é limpa diáriamente ) e fui à porcaria do computador abrir os recados matinais . Rapidamente percebi que a tal palpitação podia ter 52horas ou mais . Fiquei contentíssima com o que recebi e não partilho porque ainda tremo das pernas e da expectativa .Um aconchegozinho ... acreditem com rigidez nas sombras sonhadoras que podem criar na vida e vejam que ,com esforço , dedicação, humildade qualquer coisa feliz acaba por surgir ou alguém acaba por vos ouvir ...
Obrigada a uma estrada magnífica que parece estar para vir .
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