sábado, 30 de janeiro de 2010

" Ó gente da minha Terra "

Uma tarde numa Península que é impelida pela cova do selim da bicicleta sem passeio , que espreita ossos numa caricatura de embalo é vencidamente torpe .


( o mato sem cão nem gato pagos )


a tolher pés à revelia de sábios telefoneiros , a música sem mundo na rua , entre sacos e olhares sem jeito, mãos saltando das tabernas com castanhas de saco frio , mofos odoríferos por cima , abonos quentes por baixo , a curvatura azeda de inquéritos ao longo da calçada ,num átrio de casa impeditiva de paz aos convidados , lagostas de café numa procura de turistas a guardarem na bolsa o luxo do sol


-O Senhorio ? esse homem esforçadíssimo


a atacar num jacto de simpatia , a reinação eterna de poste de electricidade num flic -flac , turvo aos habitantes , sem se mexer , perdendo o vigor do brilho das fiteiras Lisboetas que em tempos saciavam as arcadas das famílias .


Do negro estigma , memória de Ninfa com as caixas da fruta roída para embelezar pele visitante .



Quem foste?



- Baixa , a Lisboeta , taciturna , espezinhada , encantadora e suja dos juízos cruéis e obedientes



duro cerco , por dias inteiros .


boas concepções quem não a imagina fica triste :P

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

" Gemidos Desarmantes "

( uma voz baixa de corno que se exalta numa parece ) Zézinho , alerta o passo para perceberes o ritmo que a vida te levou. Ajusta-te aos cativeiros que não desejas ver .Voltas-te a levantar do estrado , antes do relógio


( porco imundo )


enquanto as fronhas estiverem mudas e idiotas e retomo as grossseiras maneiras das servas de bacio no colo que fincam na mesa bamba o baton promíscuo dos restaurantes enquanto alguém lhes segura as manchas de matrimónio no cotovelo


( a ironia a grunhir arrepios )


-Ou escureces o que tens a mais ou corrompemos , dizia ela


-Não tens dinheiro para a revestires de vocações migratórias , a atiçar um berro de pele azeda


( ele a pensar no pobre abastado de nada, avisceral que enamora )


revestido de pêlos ciclicos no queixo , a reter especimes iguais a ele num rés-do-chão velho , espezinhado, como se explorasse a paixão do que é a sacanice cambulhada .


-Ou a mexes da vida fora ou não caibo nos instantes lixados na carne .


( meteu-se num tecido negro , que se usa para pedir recato aos demais da arena pública e disse :


-Estou de luto


e realmente não entrou em desatinos com quem ele sentia , com olhares persecutórios de raíz ... pela primeira vez , sentiu que tinha acordado tarde , talvez depois do relógio lhe dizer num sussurro :


Estúpido !


Se apanhei a rajada ? Neste momento já colho outros frutos e flores .Devagar que eu tenho pressa :P

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

" Circunda-me "

É tão devagar , como se entrasse numa igreja fria a sentir o cheiro das sebes de eucalipto que enlouquecem com espaço . As tuas sílabas mergulhadas numa súbita profundidade , retardada ontem pelos escombros da televisão .Saltavas do pó , como da desilusão

-Não te respondo

( parece que ninguém tem culpa , que mania )

(a implosão da curva dos meus olhos )

de repente o padre manda-me sair da igreja com a meditação a dois terços .Vês como é obstinado roubar-te a qualquer sentimento que parece aguardente sem morada ??Rezar clandestinamente torna o Pai Tirano uma incógnita a rondar a face do adeus improvável .
A vida é um instante dilatado à medida do que nele se desconhece , portanto se és um corvo submetido à atmosfera , não procures todas as estações .
Já me enojam gestos de sombra e antes preferir uma lata vazia que emaranhados de nylon .
Cega , sou violenta como a própria coerência .Sulco a claridade , já te disse .

Nisto retorno ao ir e só regresso se vir a moldura sem vincos ... a acabar por me fazer sentir letal .



não é para ninguém , pstt tirem a mão , para quem foi, já agarrou e como diz que tem baú vitalicio espero realmente que guarde este grão de areia . Um encosto de mãos só !

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

" O Sinal Aberto "

O semáforo intermitente , amarelos amargurados num poste a abrirem a cortina , a suspeitarem o Verão a entender-se com vontades à socapa .Calores semi-nús na praceta a ofuscarem palpebras de míopes cansados com as marchas gastas .Derretido num botãozinho amarelo a tornar peões distraídos chispe grelhado , não vá um apontar a foice e um choque estoirar-lhe a manápula intrusa .

( o tipo obcecado na mudança de direcção , rituais masoquistas , a mão protegida que não alertou o semáforo , a beliscar as calças que se metem pelo rêgo estreito )

O sinal aberto , um verde palmeira esguia a retirar a cerimónia aos avanços vincados, foge do betão adoecido por mandatos do põe e dispõe , à volta de passeios fedorentos nas bordas , a boiarem restos de anûs secos , evacuando trelas sem obediência .


Diz a Dona Rosa, prótese de velha , nauseabunda a caroço de néspera ensopado no bafio das mijas ácidas de ratos que se encostaram a passar a noite , à beira da porta , junto às garrafas vazias da adega do Jaime , a garantir que o Jingão peludo anda de surra a firmar-se no registo


- Anda , que eu já o vi por lá


( o Francisco a roer-se , trancado numa conversa de bidé e espuma saciada , a encravar a unha por não ter ficado preso no trânsito )


-É capaz é


-Aquele bode que não tem sequer uma vagazinha ideia , das noites em casa a consertar candeeiros , sem serões nos torresmos ,acagaçado aos quatros pedidos pelos amigos , ao sair do concurso das minis


-Sabe lá o que um marido representa , cuspia ela entre a pólvora dos dentes , a broca esquecida pelo dentista , imbuída em malte a disparar gatafunhos , onde a língua furiosa ensalivava ódios insuportáveis de tradição .

( o gajo que não adormeceu a olhar para a palmeira )


- É você que vai casar com ele?


( a velha antípoda numa lipotímia de placas em festa )


- A Sandra caiu que nem uma patinha, dizia a ramelosa ... no registo , a funcionária virou-se para o Jingão e


- A sua esposa tem o sinal aberto


( e num ar de orangotango em valsas a subirem-lhe pelos braços acima)


-Caso na mesma Dona


E as pessoas numa convulsão de tosse , acocoradas pelo intestino , que , só lhes dava para agrrarem com as mãos os maxilares , no lugar da barriga dorida junto ao entupimento de riso proporcionado por um palerma sem inteligência anexada

( a voz assertiva da velha a retorquir )


-É que antigamente só casava quem tivesse tudo regularizado


- É capaz é (um vulto a rir )


( e o Francisco num golpe de guerra do ultramar , a escudar-se ao puxar a unha da falange à falangeta ,numa incontinência de sangue , digno de se pirar para um bidé , a saciar a pelezinha colorida , que ficou presa ao volante quando tentou arrancar do chão o semáforo com ganas de mostrar que o sinal da esposa não tinha voltado a fechar )


um beijo de berço :P

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

" A Peneirosa que só vale uma bica "

Uma prima minha , daquelas soltas de envergadura fêmea , buço cavernoso , miopias encastradas em olhos de veneno , casaco desbotado no penúltimo botão a mostrar umas pernas tolas a tropeçarem uma num braço outra nos rodeios gerais da cabeça , daquelas fulanas afastadas , 6 grau de linhagem da acidez de um vinagre dito milagroso lá para Vila do Conde , utilizado em refugados para despegar as pedras do passeio das paredes aflitas dos rins , enfiadinhas como agulhas a gozarem as dores na urina .

De cabeça para baixo a apanhar o anel que o namorado de infância , à custa do fenómeno emancipado , sob desconfiança ( de uns canos amarelados das máquinas de lavar roupa , de repente reutilizáveis em sanitas sós que não recolhem mais do que uma póia por dia ), numa caixa cheia de medo , na dúvida se lhe comia com subtileza o coração , ou fugia eremita de vez enquanto


( a atirar um mexerico implacável )


a peneirosa da quarentona , exibe fatiotas de duquesa , afiambrada ao dinheiro , cabrinha em pézinhos sem pudor de lana caprina a expor a família a aversões


( eu a pensar se os fonas se intimidam ou se passeiam em exposições de canário em riste , como as ginjas brincam dentro da garrafa às sozinhas habituais )


lata de cusca do salmão e da mono orelha do toucinho , embala de susto até a estátua irrequieta de azares , inaugurada num centro comercial a fugir


(dos domingueiros que a tocam como se beijassem o cú a um padroeiro desconhecido )

para um jardim , que o município vendeu a um pobre aflito que empreendia prédios com os legos da puerícia , antes de a mulher ir ao cabeleireiro esticar as unhas e tonificar a testa ao som dos carrapatos que circulavam no ar , aplicarem-lhe um gel da marca das ampolas que se tomam para as maminhas crescerem e


(metida dentro de mim a imaginar as mamas a crescerem-lhe , enquanto retocava mindinhos gastos pelas costas vergadas a saxar o mato )


aparar o cabelo como se podasse um bonsai sem rega , a dominar o marido e os seus protestos de sábado à noite , a dizer falta dinheiro para ir assistir às novas chuteiras do benfica ao vivo , da Tv não se percebe que os fluorescentes são ranhosos .
O cabelo amestrado a acreditar que chuva civil , jamais a fará esticar o pernil ao seu momento de relaxe e ousar meter-se fora da gabardine de pele de orangotango que desfaleceu , sem querer com uma paulada no occipital , jurando um homem a acudi-lo , que não foi por mal .


(a roubar-lhe o líquido das unhas para pôr no nariz , a ver se me cresciam botas caras no armário , sem os afazeres de relógio fúteis , postos em retinas sociais, aguentá-la levemente )


- Deu um euro à cabeleireira e obrigou-a a entregar


( um secador de rifas , debaixo do braço curto , que a vaga de stress da clientela e a estupidez não descobriram )


50 cêntimos de troco ou ficava a acumular para a próxima gorjeta de missa , sem o menino apto a bajularem-lhe o cú


(que descaro )


Eu só concluia para mim que , os tio patinhas e as cinderelas patinadoras em ringues caseiros de pataniscas secas não tinham rodeios de valerem menos que uma unha mindinha aberlocada de gel , vaidosa plintrice a estagnar no buraco da orelha , cada vez que alguém os obrigava a abrirem o amago , cabisbaixo de tanto gentil , para chegarem no pelotão da frente e me pagarem uma rodada de ginjas , enquanto eu tentava segurar o secador que a peneirosa tinha deixado em cima do balcão do café , numa azáfama a troco de foleirice .


Um beijo e uma folha de paz a cada um :P

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

" Prurido Sénior "

Ontem sonhei e era um estranho ano de 2009 .Nunca me habituo a isto e às vezes dou por mim , a meio de um édredon branco , afogada em penas de crocodilo e lágrimas de pavão , a fugir do candeeiro e da noite ... a ver intervalos de um ano no estore ,

-Já passou

(adormece )

( uma voz padroeira)

enquanto escorrego os pés no lençol que à graça de Deus , se segura num corrimão e resguarda num buraquinho do lado de fora a chuva .

-Supremos afins que nunca porque se de bestas há?

continuo a sonhar e

um Rei oco , uma presença sem entre - seres , ceguinho das têmporas ao maxilar , uma caixa aberta do não - ser . A malvadez de ceroulas dentro do quarto .Deve achar-me sonâmbula e a ordenar que se vista e se finda .Quero lá saber .

Ouviste ?


( a desisteressar-se de mim atrapalhada numa agitação de pirolitos por engolir )


Quem é que já não se sentiu a afogar com as pingas da chuva ?
Como aqueles meninos que ensurdecem a comer os bróculos da sopa
Perdemos os sentidos ...

-Já passou , quando eras pequena


( e eu desfeita de alegria a pensar que já tinha passado o ano de 2009 )


-Adormece

( a merda da voz a azocrinar-me inércias que a preguiça entope )


e a desinteressar-me de mim , do que sonhei , pasmei ou atentei de real , a conduzir instantes rompantes de profundis causa

( abro os olhos )


e só me apetece ir de dia à conquista das teimosas sedes que o pudor com delicadeza sobe .

Um beijo e ao Amor pela atenção que todos têm tido nos momentos de agonia que me ferraram .