quarta-feira, 31 de março de 2010

" O hedonismo desiste de ir além da sensibilidade" , Vergílio Ferreira

Recurvada sobre três estacas , sem o acidental encosto do banco é fácil fazer contas.Fico numa suspensão atónita a ver um leque de dedos a abanarem com o vento a resposta provisória.Porque fazer as contas é trazer dignidade, quando se sepulta que fazer de conta é bem pior . A esperança nasce apenas da tua urgência , da tua inquietação , mas e se uma resposta é em si definitiva , esmaga certamentamente a parte possível que tinhas procurado dominar .Quando se chega a perceber que a morte é um espaço limitado , deixam de existir dúvidas no rigor de uma construção de cidade .Nisto a vida tem imensa razão e eu não tenho necessidade da sua inteligibilidade .Quero lá ter de sabê-lo. Quero é solidificar a astúcia que é encontrar um cantar de paz , mesmo sabendo que isso não é da tua conta .Se começar a contar não acreditas que este conto é definitivo .Legitima a minha paz e deixa de achar que podes contar comigo, só porque me apetece desistir de fazer de conta que sou sensível .


À sensibilidade , que sabe perfeitamente o tom que deve usar comigo !!!!!!

sábado, 27 de março de 2010

" Burlinha "

Ontem comprei um livro numa feira aqui ao pé de mim , daquelas feiras em tenda de pano ,amedrontadas por gente que parece que meteu coisas nos bolsos , a lutarem por uma ventania que as derrube , enquanto um funcionário faz de alarme à saída do estáminé .
O Livro é de Abel Botelho, lá um fóssil literário da era dos dinossauros. E o título é " O livro de Alda " português barroco , a cheirar às bonecas de pano da Santa da Misericórdia , já que realmente ninguém o quis .
A fervilhar alegrias por todos os lados , sentei-me ao acaso numa folha a meio do livro .Não me espantei que a Alda não tivesse albergue porque às vezes sou imbecilóide e escorrego a qualquer perdigoto , como se fosse uma poça .
Abri aquela porcaria e vejo duas folhinhas em branco mesmo a meio do enredo , o que senti :


a) Merda para o Senhor Botelho e a sua família toda incluindo o seu piriquito sem pata
b) O livro da Alda é uma tremenda ALDRABICE .
c)Vontade de ir imediatamente trocar o livro .

Claro que optei pela piorzinha, que foi aramar-me em besuga do Samouco
e na perfeitíssima estupidez escrever nas folhas em branco :


então acrescentei :

Capítulo Tóto


(Concentre-se na parte da burla )

está a senti-la?

na outra página escrevi

Capitulo Lacrimejante


O vazio das folhas, só tardiamente sentido .

Acabei à porrada com a folhas e só depois é que me lembrei que se não fosse tantas vezes imbecil.. gostaria de ter mais saliva na precisão dos dedos , melhor memória e talvez algumazinha rapidez de acção .


É triste mas as folhas ganham-me sempre ... pareço uma bébe desamparada , afrontada por não decifrar certos abecedários .

sexta-feira, 26 de março de 2010

" Ávida e com gula "

Assim ... tentei limitar-me ao simples relato das desordens da minha vida :


Vão com um adeus . Venham sem o diabo .
Tenho medo quando vão sozinhas ,no perigo da solidão e vêm agarradas a uma borda de cú que vos salva .

quinta-feira, 25 de março de 2010

" Cabeçalho"

De Chama .Não busques não esperes .
Sem concessões , quão vã e oca .
Hoje estou ares de tribuna .
A economia da Paz é só dizer isto.

aqui ficou uma nota... de cabeçalho




assina no rodapé a supor isto o fim da folha ,

Tudo pró mal passado.. ! Tb concordo e assino, porque sou benemérita quando as pessoas são divertidas .

quarta-feira, 24 de março de 2010

" As nervuras da memória que é como uma rosa "

-Levo-te sempre comigo , dizia-te a sede !

-Eu sei , respondias com um ego enterrado na zona sub - lingual .

Agora pesas-me como chumbo , portanto deixei-te escorreita ao sol à espera da vaga num banco do jardim , a contar as folhas do rosário, onde os cães mijam sem licença de medo .

-Não queres ficar aqui comigo , insistias

Pirei-me , só para não dividires comigo a tua amargura sem terra fértil .

Conclusão : Quando algo sai rente aos lábios parte os dias a qualquer um .


Com aquela memória nervosa dos espinhos da Rosa , que à uns anos me ofereceste e que afinal foste tu que ficaste a segurar o ramo, num esguicho de sangue .

" TRAIÇÃO " (tentativa repulsa autêntica imposta caminhos amplos olhos)

Ninguém escreve sobre as ladainhas que lhe reclamam.Este ninguém sou eu o bico da minha caneta e o botãozinho off que a emudece . Tudo o resto está sujeito a pressões esquisitas .Que fique escrito com alguma mania económica , que não sou nenhum nariz aberlocado de uma proa .Posso ser tudo menos " coninha de sabão "e para fingir que o sou não sendo , porque a asneira é violenta,amo de coração ser isenta de influências .
Hoje acordei "shoninhas " , acabei por ser tolerante e arremessar as reflexões que me mendigaram , com um jeitinho tosco , contraído , cheiinhos de tiques medonhos , que eu num berro de azeitoneira transmontana deixasse de ser coninha de sabonete , quando o finjo ser com um sarcasmo que me rói os ossos .
Pediram-me para cavar a traição sem complicações e à la modo escola primária .Disparo-a sem sofrimento , não a vou classificar de emocional ou amistosa , prefiro purgá-la como poética , tingida de um orgulho triste nas cuecas , liquefeita por um ser chupado de ódio nas gengivas e uma azeda fome de suspiros que lhe cresceram em silêncio , dentro do horrorosamente só , intermitente no ouvido ,com ligeiros inchaços de alma que desabam numa sombra de trémulos pesares .
O traidor /a anda concerteza a ganir por um encosto social , uma cura de ferro , uma névoa de luxo , uma constância vibrátil ora nas maminhas ora nos testículos , um único corpo pensado integro que transparece a perfeição ao longo do dia .
Existem também aqueles que lapidam a traição com uma fisga , porque gostam de sonos mais difíceis , fixam-se na abundância e imaginam-na sempre magra.Então pulam a segurar o resto dos outros confundidos com o erguer do aliciamento , muito diferente do que se encontra junto à vontade . Quando caem neles acabam todos à mesa , com acessos de ternura nas códeas do pão a impingirem a carne nua ou mal passada para o prato do outro .
A questão é que há sempre pessoas que acabam a refeição mais cedo e que preferem apenas amanteigar-se de pães sem códea.


Para o Zé da Piça (foi ele que me pediu tal texto) para que deixe o " tudo o que vê " cobiça.
Abracinho irmão da tasca n-º 2 da avenida e força na vareta :P todas elas ha-dem ,( como ele diz )... amá-lo .

segunda-feira, 22 de março de 2010

" Poeta "

A Penúria da língua é a sua força
Reconhecendo nela a indigência
mais o apuro se empolga
e a submissão empolga a subtileza do espírito . (Fernando Echevarría)


... extremamente por fora ,numa pele de canja de galinha .
Hoje levei uma nova martelada na cabeça ...entranhei como uma célula terminal em alguém amigo , faz sentir pelo relato a convivência a cada segundo ,uma menina eterna ...
Só por isso é que nunca ponho ninguém a escorregar .Viver dos pormenores físicos é lindo e é audaz .Quase ninguém consegue .

sábado, 20 de março de 2010

" Agarrar com FORÇA , deixar ir com LEVEZA "

Conformo-me de pálpebras com uma acintosa aridez, parece que aumento de altura ao que vejo . Manifesto-me quase aos pulos em cima de uma cadeira que a qualquer segredo também pode ser bamba para mim . Nunca agarro por ironia ,antes torno a um repensar trágico por diversão e acabo por sentir que me dobram as calças por isso.Adoro ser humana até ao último segundo ... Embora que por vezes esse segundo teima em vestir-se de um outro segundo dado a monstruosidades sãs.É uma monstruosidade falar de amor portátil . E isso pode aborrecer , cordas sem trapézio . Portanto chumbo com espantosa velocidade quem nunca percebeu que o Amor é um sentido . Desprezo das veias que lhe devo dar , quem não tem mecanismos flexiveis para perceber que o Afecto é tão só a humilde manifestação de uma pombinha ridiculamente tombada aos seus pés ... seja de dadiva ou seja simplesmente por lhe afectar a sua presença com a má disposição vivencial . Não consigo e agradeço esse respeito de não suportar , tolerar atitudes forçosamente acima daquilo que são , quando facilmente deitados ao desprezo ficam com pele de galinha.Vá com leveza e não me mande fumo para os olhos só porque são mais saudáveis olhos sem a parte branca com vermelho miope . Até já com calor . So porque o calor torna as coisas levianas , segundo certas interpretações .

quarta-feira, 10 de março de 2010

" Factores de escala "

Sempre tive pavor a cusquices . Portanto só esporadicamente ( por doença ou acordares imbecis ,em que me apetece fugir de mim e mascarar-me na barbuda da praça )

acedo àquelas pedinchiches culturais , em que se pode trazer para casa , as novas peúgas do Ronaldo ou saber sobre a vigésima Lua de Mel da Alexandra Lencastre.
Costumo guardar os argumentos favoráveis em sede de eficiência e conhecimento para a admirável caterva de intelectuais que não são abusivos . Relatam bocados de vidas , sem meterem a foice em territórios cultivados e alguns em vias de dar à Luz um feijoal quase miserável.O vaso de eleição que desfia as próprias contas do rosário e que me enternece como as bochechas rosadas da Santa Madalena

(a evocarem-se apreciadoras do tintol de Beja )


é um Génio bébe e


depois desse tal Lobo , entra um fulano , talvez com uns 30 anos deixados a meio , que me tem saido uma linda rolha , um tal Araújo detentor de umas picardias soberbas , também vaso , mas de noite ... um penico .Às vezes melindra-se , mas pela parte que me toca está à vontadíssima porque antes de o calarem ainda o mundo acaba.
O terceiro é um garrafão de whisky , é bebado , usa uns óculos à Woody Alien , pelos vistos já apresentou programas imbuído em coca , smarties e martinis e farta-se de reinventar gente que se devia mutilar , sem hesitações , começando pela curvatura dos pés , não fosse ele Miguel Esteves Cardoso e ninguém sabia que afinal o amor é Fodido .
E já que estou a deixar recadinhos ao jeito de estima , não me posso esquecer da mulher que escreveu um livro que é tal e qual como eu " Conto impopular ", Agustina Bessa Luis será sempre uma menina da eternidade .
Tenho sempre a sensação de que quando falo em erudição , aproveito ao máximo alguns amigos que se pintalgam disso , aqui ficam as suas iniciais ,para não haverem guerrras, notanto que uma letra pode corresponder a mais do que um nome .


Um grde obrigada a todos os que me fazem tentar pensar...

segunda-feira, 8 de março de 2010

" Casimiro , o Amigo "

Desde pequena que detesto façanhudos de montra de gesso .
Pessoas façanhudas são aqueles sereszinhos Herculóides ou aquelas Medusas armadas em libelinhas da padaria . Típico homem de camisa emocionada a fabricar manhas de retrete , num exibicionista bigode divergente . Protótipo de Dondoca moderna , cinto de veado da Amazónia só porque afaga a pele móvel que cobre a glande da pila do marido , um pobre enjaulado sem nenhuma justiça e com enorme carga de azar .
Em pequena achava que 99% dos motoristas da carris eram fulanos raivosos , escurecidos pelos guinchos da vida torpe que alguém lhes impingiu .Actualmente, quase adulta e vivendo nestes dias à disposição de uma bacia de água que tarda a passar , em parte porque o Sócrates quer acabar com o Sol .E dizia eu , fui surpreendida por aquele 1% , ainda vivo , de motoristas que se comportam como alto executivos , com a diferença de ostentarem a medalha da humanização caracterizada muito para lá do simples acender do cigarro num sítio onde não existia alma viva .
O Senhor Casimiro Lopes um cordata da espécie " nádegas no selim e pata abaixo ", com uns óculos de Imperador , observou-me ao fundo da rua num heróico sprint de Rosa Mota .Chovia a copo cheio e eu a centésimos de segundo de perder o 751 .E perdi. Pálpebras descidas com o peso das gotas de Inverno e cansaço nos ombros. Calada de suor . Quando é o meu espanto o Senhor Casimiro que conduzia o TGV amarelo que vinha logo atrás do que eu ia apanhar , abre a porta , sorri um "entre lá " como se recitasse versos de Bocage a um ritmo rapidinho e simpático ou não estivesse eu a entrar para o 727 que não ia fazer a rota que eu desejava .Entrei vitoriosa , claro está , o homem metido por mares nunca dantes navegados , tal não eram a chuva e a ousadia contíguas , atravessou Alcântara até Belém numa azáfama de Fórmula 1 , empoleirado em berros , sinais de luzes e buzinadelas à Tarzan , deixando-me 5 paragens à frente .
Conclusão :consegui apanhar o 751 numa calma de visita de museu .Bajulei-o com mil obrigadas e oferendas e tirei-lhe o nome .

Ps- O mais engraçado é que o Senhor Casimiro foi eleito o motorista do mês e PORQUÊ?????????Só porque a minha pessoa , chocada com tanta delicadeza se deu ao trabalho de entupir o mail da carris, a agradecer a responsabilidade cívica de um Senhor de seu nome Casimiro Lopes , que anda por aí feliz e a facilitar muitas vivências .


A cada dia , compensa ser melhor pessoa :P um beijo encostado !