quinta-feira, 22 de abril de 2010

" Prótese do espírito "

Hoje acordei a bordo de um carrossel . Uma plataforma que andava á volta com umas luzinhas vermelhas sem piedade a afunilarem-me os olhos a passinhos zonzos . Definida num ar de pessoa normal ,senti a prisão de ter de ir à rua dar dinheiro pelos pensamentos dos outros esborratados em unhas de caligrafias fantásticas . Parece que o calor humano que os outros escrevem é mais frágil do que todo o tempo absoluto cheio de feridas.
Quanto tempo ficarão assim , as pessoas que me interessam a permitir que me esqueça de pensar??
a única coisa que me destemperou as pernas não foi o calor matinal ,nem o vento a sacudir as mangas como se a roupa que eu vestia estivesse adormecida num estendal de devaneios, foi tropeçar na merda da calçada, só porque se meteu um calhau no freio da tal plataforma . Voei como uma andorinha na sorte de que nenhum sorriso tivesse visto . Não tinha importancia, só acho é que ninguém pára para ajudar resíduos mornos causados por voltas de 360º .
Quando alguém me diluir a escuridão vertical , eu alongo-me . Só consigo fazer isto quando : me deixarem um dia posto em forma de eternidade , sem mensagens com asas , convites que as minhas pupilas não conseguem evadir-se , salmos de cócoras á espera que torne certas vidas intensas de pormenores . Chega de bafúridos e festarolas como se tivesse o rosto no cú .
Peço ao Santo Expedito , que folga á 5-ª feira que reserve um tempo livre para alertar algumas pessoas que : Escrever é a minha prótese do espírito e que se não me reservam esse tempo a cada dia ,eu sobrevivo como se andasse numa plataforma intermitente a tropeçar no que os outros escrevem e sem tempo para travar o calhau que serve de freio ao que tenho de criar .

Beijo profundo e alguma compreensão , ou o livro não estará pronto nem em 2015 !

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