sábado, 20 de março de 2010

" Agarrar com FORÇA , deixar ir com LEVEZA "

Conformo-me de pálpebras com uma acintosa aridez, parece que aumento de altura ao que vejo . Manifesto-me quase aos pulos em cima de uma cadeira que a qualquer segredo também pode ser bamba para mim . Nunca agarro por ironia ,antes torno a um repensar trágico por diversão e acabo por sentir que me dobram as calças por isso.Adoro ser humana até ao último segundo ... Embora que por vezes esse segundo teima em vestir-se de um outro segundo dado a monstruosidades sãs.É uma monstruosidade falar de amor portátil . E isso pode aborrecer , cordas sem trapézio . Portanto chumbo com espantosa velocidade quem nunca percebeu que o Amor é um sentido . Desprezo das veias que lhe devo dar , quem não tem mecanismos flexiveis para perceber que o Afecto é tão só a humilde manifestação de uma pombinha ridiculamente tombada aos seus pés ... seja de dadiva ou seja simplesmente por lhe afectar a sua presença com a má disposição vivencial . Não consigo e agradeço esse respeito de não suportar , tolerar atitudes forçosamente acima daquilo que são , quando facilmente deitados ao desprezo ficam com pele de galinha.Vá com leveza e não me mande fumo para os olhos só porque são mais saudáveis olhos sem a parte branca com vermelho miope . Até já com calor . So porque o calor torna as coisas levianas , segundo certas interpretações .

quarta-feira, 10 de março de 2010

" Factores de escala "

Sempre tive pavor a cusquices . Portanto só esporadicamente ( por doença ou acordares imbecis ,em que me apetece fugir de mim e mascarar-me na barbuda da praça )

acedo àquelas pedinchiches culturais , em que se pode trazer para casa , as novas peúgas do Ronaldo ou saber sobre a vigésima Lua de Mel da Alexandra Lencastre.
Costumo guardar os argumentos favoráveis em sede de eficiência e conhecimento para a admirável caterva de intelectuais que não são abusivos . Relatam bocados de vidas , sem meterem a foice em territórios cultivados e alguns em vias de dar à Luz um feijoal quase miserável.O vaso de eleição que desfia as próprias contas do rosário e que me enternece como as bochechas rosadas da Santa Madalena

(a evocarem-se apreciadoras do tintol de Beja )


é um Génio bébe e


depois desse tal Lobo , entra um fulano , talvez com uns 30 anos deixados a meio , que me tem saido uma linda rolha , um tal Araújo detentor de umas picardias soberbas , também vaso , mas de noite ... um penico .Às vezes melindra-se , mas pela parte que me toca está à vontadíssima porque antes de o calarem ainda o mundo acaba.
O terceiro é um garrafão de whisky , é bebado , usa uns óculos à Woody Alien , pelos vistos já apresentou programas imbuído em coca , smarties e martinis e farta-se de reinventar gente que se devia mutilar , sem hesitações , começando pela curvatura dos pés , não fosse ele Miguel Esteves Cardoso e ninguém sabia que afinal o amor é Fodido .
E já que estou a deixar recadinhos ao jeito de estima , não me posso esquecer da mulher que escreveu um livro que é tal e qual como eu " Conto impopular ", Agustina Bessa Luis será sempre uma menina da eternidade .
Tenho sempre a sensação de que quando falo em erudição , aproveito ao máximo alguns amigos que se pintalgam disso , aqui ficam as suas iniciais ,para não haverem guerrras, notanto que uma letra pode corresponder a mais do que um nome .


Um grde obrigada a todos os que me fazem tentar pensar...

segunda-feira, 8 de março de 2010

" Casimiro , o Amigo "

Desde pequena que detesto façanhudos de montra de gesso .
Pessoas façanhudas são aqueles sereszinhos Herculóides ou aquelas Medusas armadas em libelinhas da padaria . Típico homem de camisa emocionada a fabricar manhas de retrete , num exibicionista bigode divergente . Protótipo de Dondoca moderna , cinto de veado da Amazónia só porque afaga a pele móvel que cobre a glande da pila do marido , um pobre enjaulado sem nenhuma justiça e com enorme carga de azar .
Em pequena achava que 99% dos motoristas da carris eram fulanos raivosos , escurecidos pelos guinchos da vida torpe que alguém lhes impingiu .Actualmente, quase adulta e vivendo nestes dias à disposição de uma bacia de água que tarda a passar , em parte porque o Sócrates quer acabar com o Sol .E dizia eu , fui surpreendida por aquele 1% , ainda vivo , de motoristas que se comportam como alto executivos , com a diferença de ostentarem a medalha da humanização caracterizada muito para lá do simples acender do cigarro num sítio onde não existia alma viva .
O Senhor Casimiro Lopes um cordata da espécie " nádegas no selim e pata abaixo ", com uns óculos de Imperador , observou-me ao fundo da rua num heróico sprint de Rosa Mota .Chovia a copo cheio e eu a centésimos de segundo de perder o 751 .E perdi. Pálpebras descidas com o peso das gotas de Inverno e cansaço nos ombros. Calada de suor . Quando é o meu espanto o Senhor Casimiro que conduzia o TGV amarelo que vinha logo atrás do que eu ia apanhar , abre a porta , sorri um "entre lá " como se recitasse versos de Bocage a um ritmo rapidinho e simpático ou não estivesse eu a entrar para o 727 que não ia fazer a rota que eu desejava .Entrei vitoriosa , claro está , o homem metido por mares nunca dantes navegados , tal não eram a chuva e a ousadia contíguas , atravessou Alcântara até Belém numa azáfama de Fórmula 1 , empoleirado em berros , sinais de luzes e buzinadelas à Tarzan , deixando-me 5 paragens à frente .
Conclusão :consegui apanhar o 751 numa calma de visita de museu .Bajulei-o com mil obrigadas e oferendas e tirei-lhe o nome .

Ps- O mais engraçado é que o Senhor Casimiro foi eleito o motorista do mês e PORQUÊ?????????Só porque a minha pessoa , chocada com tanta delicadeza se deu ao trabalho de entupir o mail da carris, a agradecer a responsabilidade cívica de um Senhor de seu nome Casimiro Lopes , que anda por aí feliz e a facilitar muitas vivências .


A cada dia , compensa ser melhor pessoa :P um beijo encostado !

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

" Mulher de recado "

Esticava-se a revolta , a sala de aula junto a banquinhos da cor dum pinhal escuro a chilrear.


(um sono de guarda a mostrar o farol ao ladrão )


A redacção da Rita era esquisita ...
A professora entusiasmadíssima


( tudo tão longe desse tempo )


as caras dos pais eram de cães respeitosos com a odediência semelhante à disciplina do chapéu de chuva , logo à entrada de casa , arrumadinhos e quietos .


( dois erros a vermelho e um mar de palavras a destrinçar )



- Nunca houve pão para os malucos !


(as sobras têm sempre destino )


" Mãma , quando for grande quero trabalhar , viver sozinha e ser mãe solteira de um javali "


(em cada emergência da vida , a pessoa sepulta-se sem ajuda , a murmurar se consegue )


As outras redacções falavam de castelos foleiros cheios de avatares com três olhos e princesas sem veias dilatadas , coisas sem ponta de graça , coisas que deixavam absolutamente aquele texto sozinho , inigualável .Miúdos cujas mãos se colavam ao papel numa alegria de entrada de Feira Popular .

E lá ia a Rita a correr no texto , tenho a certeza , ensanguentada pelo real .
Será que um porco se entretem com um quadradinho de marmelada e deixa avançar à noitinha , uma mãe solteira ? Vejo nisto uma ironia tremenda .Parece que dá a entender que se quiser mata o porco e não lhe crescem latas de ferrugem e mijo de sanita no azulejo novo . Possivelmente quer poder .Compreendo tamanha euforia para uma menina de sete anos .


Eu por mim preferia meter o javali ao colo , dar-lhe uns talos de couve amarelada e instalar-me no sofá a depenicar quadradinhos de marmelada , enquanto uma voz do quarto berrava de medo : " Se quiseres podes fugir ".


Um beijo e um dia maravilhoso a todos !

sábado, 13 de fevereiro de 2010

" Vacilantes almas sem pé "

Vacilante alma sem pé : O Cajó , homem num síndrome de cinderela das ocasiões, beiço afável , verso de menino de riacho Brasileiro , atitude de oferta . Silenciados estares do passado , imagino-o de chinelo no pé , odor carioca , sujo do País , favela com a revolta e as aflições caladas junto ao pão e ao corpo de pasta que estremece num empurrão , onde as baratas reagem às pisadelas humanas . A recriar-se naquilo , vacilante , atormentado , Papai cedeu , vivia ele a infância de algema no dedo .
A pele do rosto cresceu e o Samba fez a vida , eventualmente violada , por um pacote de arroz prometido ,ao piscar o olho , a travestidas jeitosas num afago de erupção .A vida brasileira era terrível e o Cajó embarcou para Portugal na convicção de que a letra do poema não era só desgraça .
A Mãe faleceu há uns anos , não sei quê e lá ia , devagar ... os cancros geralmente demoram uma eternidade .
Penteia donzelas faz 20 anos este ano , envelheceu como os heróis , o Batman , o Super Homem , asas de cinquentão .


- Oi Grandão , dizia ele ao homem do café

( mas o Grandão , por vezes Gigante desfalece )


Parece que tem algemas nas mãos , mas não fez nada , trabalhou , arranjou Dondoca , facilitou pelintra , enlouqueceu bicha faminta . Saudades da putice que lhe esgotava os sábados , na despensa a cozinhar para os amigos do " Povo Legau ". O povo legau? Sequer existe?


À dias vejo o Cajó na tasca , cerveja de lágrimas como um bébe sem colo . Estava-se a cagar por fora , num sorriso bebido terno , mas , sabendo eu , que morria por dentro .O Cajó foi despedido do salão onde trabalhava , a conhecida justificação dos tempos duros num talão desbotado , parte da velhaca da Dona , que desde 2005 não lhe pagava a segurança social .

Conclusão : O Cajó não tem emprego , não pode renovar a legalização porque na segurança social dizem que deve 6000euros , os tais 6000 euros que a cabra da Patroa meteu ao bolso , numa lucidez de pessoa . O Cajó não rouba e também não se prostitui porque putas como a que apanhou há muitas . E agora???????
Nos 4 cabeleireiros a que foi não o empregam porque não gostam de falar sobre preconceitos bichas ainda por cima , fora de prazo .
O Cajó mata-se ? Ressuscita a família ?
Quantos Cajós existem no Mundo enquanto muita gente desce o estore e furiosa atira : " Olhó Maricas "


Tocou ? Isto somos nós os portuguesinhos que escalaram tanta fronteira e agora manifestam que a liberdade também tem fronteiras .um beijo e despertares mais felizes por vir !

domingo, 7 de fevereiro de 2010

" Eis -me sem explicações "

Pusemos tanto azul nessa distância
ancorada em incerta claridade
e ficamos nas paredes do vento
a escorrer para tudo o que ele invade


Pusemos tantas flores nas horas breves
que secam folhas nas àrvores dos dedos
E ficámos cingidos nas estátuas
a morder-nos na carne dum segredo .


" in Antologia Poética " , Natália Correia


e rebelde e deitada contei a ironia de saber
um abraço redondo à ignorância

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

" Obstinações "

Uns miúdos brincavam com as horas da manhã . Lutas a respeito das fronteiras que se sentem a existir com a idade , as manhas da barba , a eficácia de um sonho , que cada um mantem no seu domínio defensivo


( a comunicação esboçando a tentativa de um mercado comum )


-Soltem-se com modos


e a ignorância imprescindível para a aceitação do próximo , a impor carências com repercussão .



- A tua Mãe nunca te disse que tens boquinha de piriquito ?



( a dialéctica da duração a depenar avezinhas por nascer )



- Repetes a fôlegos irritantes o que é soluçado pelos falares amigos



-O valor aceite da experiência é uma tentativa recente de criar história .



( a utilidade dos dois a ser comum )



e a luta atenta das fronteiras ocupa o homem desde que os acontecimentos são maçudos e ruídosos , talvez algum mecanismo esquisito , metido na tábua rasa cerebral, numa junção de adições desejavelmente traduzidas num tempo, o da brevidade da vontade de Deus .


Aqueles que "pensam mais com os queixos do que com a cabeça" da cabeça de A.Lobo Antunes