O semáforo intermitente , amarelos amargurados num poste a abrirem a cortina , a suspeitarem o Verão a entender-se com vontades à socapa .Calores semi-nús na praceta a ofuscarem palpebras de míopes cansados com as marchas gastas .Derretido num botãozinho amarelo a tornar peões distraídos chispe grelhado , não vá um apontar a foice e um choque estoirar-lhe a manápula intrusa .
( o tipo obcecado na mudança de direcção , rituais masoquistas , a mão protegida que não alertou o semáforo , a beliscar as calças que se metem pelo rêgo estreito )
O sinal aberto , um verde palmeira esguia a retirar a cerimónia aos avanços vincados, foge do betão adoecido por mandatos do põe e dispõe , à volta de passeios fedorentos nas bordas , a boiarem restos de anûs secos , evacuando trelas sem obediência .
Diz a Dona Rosa, prótese de velha , nauseabunda a caroço de néspera ensopado no bafio das mijas ácidas de ratos que se encostaram a passar a noite , à beira da porta , junto às garrafas vazias da adega do Jaime , a garantir que o Jingão peludo anda de surra a firmar-se no registo
- Anda , que eu já o vi por lá
( o Francisco a roer-se , trancado numa conversa de bidé e espuma saciada , a encravar a unha por não ter ficado preso no trânsito )
-É capaz é
-Aquele bode que não tem sequer uma vagazinha ideia , das noites em casa a consertar candeeiros , sem serões nos torresmos ,acagaçado aos quatros pedidos pelos amigos , ao sair do concurso das minis
-Sabe lá o que um marido representa , cuspia ela entre a pólvora dos dentes , a broca esquecida pelo dentista , imbuída em malte a disparar gatafunhos , onde a língua furiosa ensalivava ódios insuportáveis de tradição .
( o gajo que não adormeceu a olhar para a palmeira )
- É você que vai casar com ele?
( a velha antípoda numa lipotímia de placas em festa )
- A Sandra caiu que nem uma patinha, dizia a ramelosa ... no registo , a funcionária virou-se para o Jingão e
- A sua esposa tem o sinal aberto
( e num ar de orangotango em valsas a subirem-lhe pelos braços acima)
-Caso na mesma Dona
E as pessoas numa convulsão de tosse , acocoradas pelo intestino , que , só lhes dava para agrrarem com as mãos os maxilares , no lugar da barriga dorida junto ao entupimento de riso proporcionado por um palerma sem inteligência anexada
( a voz assertiva da velha a retorquir )
-É que antigamente só casava quem tivesse tudo regularizado
- É capaz é (um vulto a rir )
( e o Francisco num golpe de guerra do ultramar , a escudar-se ao puxar a unha da falange à falangeta ,numa incontinência de sangue , digno de se pirar para um bidé , a saciar a pelezinha colorida , que ficou presa ao volante quando tentou arrancar do chão o semáforo com ganas de mostrar que o sinal da esposa não tinha voltado a fechar )
um beijo de berço :P
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