Comove-me a felicidade de uma pessoa na pobreza.Concerteza que não é feliz por ser pobre , mas talvez por viver a pobreza de forma consensual com o que realmente importa. Não se vê em meios se nãos , vê-se em nãos por antecedência e quero admitir que os sins lhe favoreçam o levar da vida.Sempre associei o sim à alegria , nunca percebi bem porquê.E um pobre físico , emocional ou psicológico é sempre aquele patamar ressequido de bens a cheirarem a sangria rasca , um coraçãozinho sozinho no subterfúgio de vozes mundanas e inconscientes .
Ninguém repara num pobre , porque quase toda a desumanidade tem uma retina mais obscura.O meu olhinho da testa, mais torto, para os lugares certos e comuns que ninguém palpa com rodeios e :
-Estou com tanta fome , dizia ele
o mianço à minha algibeira
-Palavra pela alma da minha Mãe que não como nada desde ontem à noite .
(e eu ...)
a olhar-lhe as rugas , o quisto de 6 cêntimetros no pescoço , inchado como certas panças de discórdia e ganância .O meu avô que já não está à vista ... a assobiar à aflição térrea, que eu também a senti .
(dei-lhe 2€ para a sopinha a a maçã lavadinha que trazia de casa )
e pareceu
um bébe de alcofa a despachar-me um beijinho na bochecha , com a vontade de comover a face , ou a mão que lhe ofereceu a maçã , que julgo não ter sido a minha,
(parecia aquele Senhor que já não está cá mas que deixou uma mãozinha)
talvez o velhote quisesse trocar a maçã pelo beijinho físico .
Eu nas lonas , com um peso nas costas a tentar fugir do beijinho não fosse eu sentir as lágrimas do meu avô , naquele instante ...
-Vá lá comer a sopinha e até logo amigo !
-Que Deus a salve , a voz dele nisto , que Deus a salve .
Julgo que salva estou , das pessoas que não quero ,nem me apetecer ver . E nesta coisa da sensibilidade , fui educada com o bom senso e a diplomacia do meu avô ...Espero que Deus o salve !
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