A Dona Elvira , mulher de samarras a roçarem grossura idêntica a um cobertor num chão do litoral , orelhas da linhagem de um Dumbo fugido do curral do metro , onde uma fleuma de popa no cabelo costumava instigar cambulhos nas conversas com as amigas . O seu caga-tacos da avenida ,
(sufoco de carniceiro )
mãos da cor das febras que enegrecem os churrascos repicados pelas brasas dos funcionários de folga , palito espetado no sugo da boca , a segurar alguma verdade útil , ou apontamento que não se esquece , buracos de dentes sem bóias para os sisos mal amados , enquanto prende as mucosas com a impressão do inverno de manhã à noite .
-O Zé anda a ver se me tranca !
(as amigas numa junção de panfletos cautelosos e de rifas conspiradoras ao entreterem o fim de semana com a amante )
- Espreita-o
- A traição é como as collants de vidro , tranparente (retorquia uma )
- Não se vêem lencóis flutuantes ao longe , contudo dá-me a impressão de que sinto uma picada a esburacar a pele num arranhão de mártir .
As confirmações chegam mórbidas , caladinhas de falta de vergonha , odiosas nos calafrios e embelezadas numa flanela surrada que alegrou outras quatro paredes
e só imagino o camionista sem pisca , a mulher lixada por não entender a direcção do marido , a espiar escondida atrás de arbustros , a soluçar da cabeça um teléscópio que lhe confirmou a raiva , a compreender que ele não virou para o bem , não foi afinal a impressão esburacada , o puzzle completou-se e ele anda debruçadinho de joelhos a pisar o mal sem recuos .
Só posso aconchegar a mulherzinha dizendo que os arranhões auto infligidos de mártir não se vêem, mas acabam enrolados numa caixinhinha que voou pela janela com o ouro e as bijuterias à qual se juntou o arrependimento de meia idade , sem a idade emocional completa .
beijos e vivencias puras :P muah
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