quarta-feira, 11 de novembro de 2009

" O Pensar é o receptáculo que o futuro extingue "

Passeava num jardim com uma colina ao largo , à alçada de um bando de bexigosos empoleirados em chinelos e bocas de rua , sujos , danados de vício , pratas a voarem na calçada vazia entre a cerveja ressequida e malcheirosa e o meu descabelar russo , residual , sabido de velhaquez , perante aquilo que não seguro para mim .
A Brasileira em solas de lã , depenicada na fussa , nódulos de acne , que fritavam no azul da tarde , sorriso desfalecido num eterno esgar de paciência ou talvez num raio de comoção tola que aproximava alegremente o assaltado desdém


( olha-me a fúria pelas costas )


os ténis a reluzirem as maravilhas de obrigação , andar perro , a pressa irritadiça para entrar ao serviço num dia aparentemente retardado por


(eu espreitei-a antes da fúria a assombrar , em meandros esfarelados de dó e simpatia )


( não viu a minha bisbilhotice )


- Vai ver o cú do Judas


meses que espaireciam uns sapatinhos novos , algures num dia inscrito na oportunidade de respirações brutas e rotas da labuta , a atrairem uma botique acima da média .


(ela solta na paz que Deus quer )


Abre o sorrisinho dos sapatos camursa , a estreia numa collant de vidro a compor os desacatos interiores e complexados que a enojavam quando nada tinha


( a cabeça pesava-me, a sua altivez à superfície não me tinha conformado com ideias)


(desejei-lhe azar , entre terços rezados do avesso para ver se invertiam os prenúncios da fidelidade das portas acastanhadas do céu)


os pés embonecados a fazer figura


(apercebi-me)


a esperteza a sair das bolsas que guardamos para o silêncio:


-Parece-me que não existem peitorais fortes , fitados por alguém que acredita não se notarem as alianças falseadas .


(pedregolhos interiores )


( ela nem ai nem ui )


(olha soltou-se de vez )


a fúria nas costas


( espreitei a derrocada antes de disparos alternados das bochechas , em meandros esfarelados de dó e simpatia )


parada na bisbilhotice e


( o Judas a ver-lhe o cú )


voltei a rezar o terço , agora da forma como deve ser , à espera que ela percebesse que os destroços eram interiores


( não feri ninguém )


e que o pensamento é o receptáculo que o futuro extingue


( a raiva a sair pelo nariz , a zona individual de funcionamento alérgico )


- Vá para casa ó chata miserável


reparei quando se virou ,que as bocas feitas terço de camursa ,não extinguem mas metem em vias de desilusão .


Um beijo a todos e bem - vindos á inauguração , que algum aperitivo vos tire a fome :P

1 comentário:

  1. Eu quero um quindim para sobremesa, já sabes.

    Agora tens de ensinar O António a consultar a internet; é uma boa forma de o manteres actualizado. Senão, olha, mantém as idas aos Filetes com Arroz.

    Cumprimentos literários.

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