quarta-feira, 26 de agosto de 2015

" Aos Meus Amigos , os melhores do Mundo "

"Custa mais perder os amigos que se perderam vivos do que aqueles que se perderam por terem morrido. Mentira: com os amigos que morreram nunca podemos fazer as pazes. Nunca nos zangámos com eles: morreram em paz connosco, fazendo-nos doer mais. A amizade é um gosto. A verdadeira amizade é um acto de egoísmo: podemos ajudar os nossos amigos, mas do que mais gostamos é deles. Até podemos não gostar de estarmos sempre com eles. Mas gostamos sempre de gostar deles. E, sobretudo, gostamos e precisamos que eles e elas gostem de nós. A amizade é superior ao amor. O amor é exigente e guloso: precisa sempre da presença de quem se ama. O amor é ciumento e histérico. A amizade é leal, constante e enfaticamente tão empática como irresistivelmente simpática. O amor — por muito romântico que seja — é sexualmente doido. É muito mais físico e concreto do que a amizade. Na amizade, por exemplo, ocorrem, de vez em quando, com ou sem um excesso de álcool, abraços que, depois de dados, se revelam como inteiramente desnecessários e embaraçosos. Ser e ter amigos é capaz de ser a maior e mais alegre ambição que se pode ter. Confunde muito o facto de "amigo" e "amor" partilharem as duas primeiras letras, para não falar naqueles sugestivos ós que também lá estão. Quem tem sorte de encontrar um amor nunca passa, graças a Deus, daquele. Já os amigos e as amigas podem ascender, milagrosamente, a dois, três, quatro ou mesmo cinco, caso se tenha azar ou má memória." Miguel Esteves Cardoso in crónica do Público

Sem comentários:

Enviar um comentário