sexta-feira, 21 de setembro de 2012

" 25 anos da Revista Ler "

Ontem fui à 1-ª conferência organizada pela revista Ler que decorreu às 18.30 no auditório Luis Freitas Branco no CCB. A entrada foi gratuita e a sala esteve cheia .O conferencista inaugural tinha de seu nome Eduardo Lourenço .
Confesso que estive 1h30 tão concentrada nas suas palavras que saí de lá a arder da cabeça. Gostava de partilhar um resumo do que ouvi .
Eduardo Lourenço , poeta , ensaista , filósofo , crítico literário , para mim ," biblioteca nacional e internacional andante " organizada do alto dos seus 89 anos , transmitiu a ideia do livro como" sacralizador da nossa experiência ". A literatura no seu entender é uma  "tentativa humana de recepção da nossa instância primordial e religiosa ".O livro aparece como uma palavra sem voz e só através do livro podemos definir estas duas leituras : a do Universo e a das Leis deste , sendo que a primeira análise é caracterizada pelo livro como definidor daquilo que somos e daquilo que o autor é e a segunda perspectiva associa-se ao certificado da lei ou seja  pela busca das verdades matemáticas a que o cosmos nos submete .Segundo ele , o livro manifesta-se como uma barca de salvação para quem o escolhe , porque a realidade mais preciosa é a que está conservada no livro intrínsecamente .
No final da conferência quando confrontado com uma questão da assistência que pretendia saber a sua opinião relativamente ao nascimento dos novos livros "tecnológicos " , sendo ele  um leitor que devora livros e que pensa sobre eles , não quis deixar de mencionar que a "tablet " é um milagre , permite que possamos transportar uma biblioteca , no avião , isto é milagroso " , refere a rir .Contudo deixou claro que o pó dos livros tem tempo e que essa descoberta física é importante para os seus sentidos.Não tomou uma posição emotiva porque me parece que estava perante  antagonismos lixados de apontar com o dedo  ,que por si só trariam as qualidades e os defeitos de cada um dos livros à baila e que colocariam a sua posição à deriva relativamente ao facto de " ser de outro Mundo ", como ele próprio evocou.
Uma Senhora , que no meu entender quis ser olhada , mais do que ser vista como uma Senhora que pensa , colocou a comichão que lhe faz  ,o formato reduzido dos chamados " livros de bolso ". Eduardo respondeu que quanto a isso não sente razões que o maçem porque a história destes novos livros mantêm-se fiel ao seu estado físico , e ao seu conteúdo o que vem dar possibilidade de democratizar um maior número de leituras e leitores .
Eu dir-lhe-ia  : Lá por ter mala e carteira para um livro maior não quer dizer que os indigentes se comichei com a mesma consternação de que a Senhora arrogantemente padece.
Existem parvas e habitam terras Lusas !Poupem-me a voz !



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